Umuarama

Bar do Zezão: o recanto dos seresteiros e dos apreciadores da boa culinária caipira em Umuarama

A localização não é das mais fáceis e a primeira impressão ao ver o proprietário, o Zezão, é a de um homem sisudo e sério. Porém, tudo isso se desfaz quando a pessoa tem os primeiros minutos de conversa com ele.

O Bar do Zezão, localizado na Rua Bulgária (Jardim Campo Belo), é um verdadeiro regalo para os apreciadores da culinária caipira e das músicas de seresta. Outrora integrante de uma dupla sertaneja, José Pereira Fernandes, 56 anos, faz as vezes de cantor e toca violão para os clientes e amigos. Além disso, ainda faz todo o atendimento do bar, é o cozinheiro e cuida de toda a administração, com apoio da Dona Inês.

Os acordes das músicas bastante conhecidas no repertório nacional ressoam no violão e assim Zezão vai atendendo aos pedidos de seus amigos e clientes. A música, aliás, faz parte do dia a dia desse trabalhador. Durante o dia um rádio que fica em cima de uma geladeira fica ligado na maior parte do tempo, enquanto Zezão faz toda a organização do estabelecimento e os preparos culinários. Quando os clientes chegam a jukebox entra em ação.

Em novembro o bar completa 12 anos de existência. Antes disso Zezão, que nasceu em Lovat (distrito de Umuarama) trabalhou com construção civil e como borracheiro. A borracharia ficava no trevo da saída para Maria Helena. O trabalhador teve que parar de atuar nesse setor quando teve um problema grave de saúde, na coluna.

Procurando algo que pudesse fazer sem interferir diretamente na coluna, assumiu a administração da Lanchonete do Trevo (também na saída para Maria Helena), junto com a esposa Marlene. Eles permaneceram no local por cerca de 2 anos. Depois disso o casal abriu um bar em Lovat. No empreendimento ficaram apenas 1 ano e o preço alto do aluguel mudou os planos.

No entanto, o que poderia ser desanimador, acabou se tornando uma grata surpresa. Zezão e Marlene resolveram fazer algumas modificações na própria residência e abriram o bar no quintal. E lá se vão quase 12 anos. Marlene acabou falecendo e deixando um grande vazio no coração de Zezão, que lembra e fala da finada companheira com grande admiração e carinho.

Era Marlene quem ajudava a tocar o bar e também quem foi responsável por repassar dotes culinários ao esposo (ela havia trabalhado anteriormente em cozinha de restaurante). Além do auxílio da companheira, Zezão contou que sempre teve que ajudar a preparar as refeições em sua casa, desde moleque, para ajudar a mãe e a família.

No dia em que a equipe de OBemdito esteve no bar fazia muito frio e no fogão estava sendo preparada uma grande panela de dobradinha. Apesar da baixa temperatura, por volta das 17h os primeiros clientes foram chegando e já aguardavam ansiosos para degustar a iguaria.

As quantidades de comida surpreendem. No dia da entrevista estavam sendo preparados 30 quilos de dobradinha. No dia anterior o prato havia sido mocotó e antes disse, feijoada. O cardápio conta também com caldo, vaca atolada, rabada com polenta, caldo de piranha, bolinho de carne (bovina e suína), além de doces caseiros (de abóbora e goiaba).

Desde a outra lanchonete existe a tradição de preparar as comidas consideradas mais caipiras que Zezão afirma que têm ‘saída’ o ano todo, independente do frio ou calor. Ele também congela porções, que rapidamente são adquiridas por quem já é conhecedor do tempero especial.

A rotina do comerciante começa cedo. “Eu costumo acordar às 5h para conseguir fazer tudo. Logo cedo já busco os ingredientes para os preparos, que em geral são mais demorados e precisam de tempo para ficar no ponto certo”, explica.

O bar funciona todos os dias. “Quando eu estou em casa o bar está aberto e quanto tem cliente o bar funciona”, diz Zezão.

Além das várias funções, ele também já foi integrante de uma dupla sertaneja com o amigo Oséias. “A gente fazia show em toda a região. A dupla durou cerca de 4 anos”, conta. O nome artístico aditado pela dupla era Zé Paulo e Cristiano, que tinha no repertório sertanejo, forró, ente outros estilos.

Saudosista, Zezão mostrou vários vídeos de apresentações com o ex-companheiro de música. Agora ele costuma tocar o violão e cantar apenas no próprio estabelecimento. “Às vezes não tenho muito tempo para a parte musical, o que depende da movimentação aqui, mas sempre aparecem os amigos e começam a pedir as músicas. Tem muita gente que vem até de outras cidades e conheciam nosso trabalho [da dupla]. A gente acaba ficando amigo e eles frequentam o bar”, relembra.

O sorriso no rosto deixa visível a paixão pela música

Através do WhatsApp (44) 99711-6645 as pessoas interessadas podem ter informações sobre o cardápio do dia e a disponibilidade de porções. Em média, uma marmita tamanho G custa a partir de R$ 35 (os valores variam).

O Bar do Zezão está localizado na Rua Bulgária 2256, Jardim Campo Belo – ao lado do Parque Bonfim.

Jaqueline Mocellin

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