Cotidiano

PC divulga detalhes das mortes em Icaraíma e aponta que um dos cobradores levou três tiros na cabeça

A Polícia Civil do Paraná divulgou nesta início da tarde desta quarta-feira (10) detalhes sobre a morte de quatro homens encontrados enterrados em uma área rural do distrito de Vila Rica do Ivaí, em Icaraíma. Segundo a investigação, as vítimas foram executadas por volta das 12h30 do dia 5 de agosto de 2025, logo após chegarem à propriedade que era alvo de disputa financeira entre um credor e a família Buscariollo.

Laudos da Polícia Científica apontam que os quatro homens morreram dentro ou ao lado do veículo Fiat Toro usado no deslocamento, atingidos por disparos de pelo menos cinco armas de calibres distintos, acionadas a partir de três posições diferentes. A investigação descarta que eles tenham sido mantidos em cativeiro ou submetidos a tortura.

Segundo o delegado Gabriel Menezes, da 7ª Subdvisão Policial, devido ao número de armas utilizados no crime, a polícia também trabalha com a suspeita de que mais pessoas participaram da execução.

Disputa por dívida antecedeu execução

De acordo com o inquérito, Alencar Gonçalves de Souza Giron contratou Diego Henrique Affonso para intermediar a cobrança de uma dívida que teria com os empresários Antônio e Paulo Buscariollo, pai e filho. Conversas reunidas pela Polícia Civil mostram que Alencar demonstrava receio de possíveis retaliações e que Diego insistia que não haveria risco.

Encontros e tensões

As vítimas chegaram a Icaraíma em 4 de agosto e foram acompanhadas por Alencar até Vila Rica, onde tentaram negociar com os Buscariollos. Houve promessa de pagamento por meio de cessão de uma casa, mas o acerto não avançou.

Em áudios enviados à esposa no dia seguinte, Diego relatou que um dos envolvidos estaria armado. Apesar disso, ele afirmou que retornaria ao local para tentar resolver a cobrança.

Últimos deslocamentos das vítimas

O itinerário das vítimas foi reconstruído com base em imagens de câmeras de segurança:

  • 4/8, 15h — chegada a Icaraíma e ida a Vila Rica;
  • 5/8, 10h26 — novo deslocamento para Vila Rica;
  • 5/8, 11h47 — retorno para o centro de Icaraíma;
  • 5/8, 12h04 — saída definitiva rumo à propriedade onde morreriam.

Às 13h04, a Fiat Toro foi flagrada em alta velocidade trafegando em direção ao local onde os corpos seriam enterrados. Segundo a polícia, as vítimas já estavam mortas naquele momento.

Emboscada no acesso à propriedade

A Polícia Civil afirma que os tiros começaram quando as vítimas ainda estavam dentro do veículo. O carro foi atingido por disparos na frente, na traseira e pelo lado esquerdo. Laudos identificaram munições .223, 5.56, .45, .40, calibre 12 e 9mm, reforçando a participação de múltiplos atiradores.

Não foram encontradas lesões nos corpos além das provocadas por arma de fogo. A presença de sangue na cabine do veículo e o padrão das perfurações afastam a hipótese de que as vítimas tenham sido mantidas vivas após os disparos.

Ocultação dos corpos e do veículo

Após a execução, os corpos foram retirados da Fiat Toro e levados até uma área de mata onde foram enterrados. O carro também foi ocultado posteriormente. Um bunker foi encontrado com o veículo submerso.

Peças da Fiat Toro foram achadas na mesma cova, o que indica que se desprenderam durante a retirada apressada dos corpos.

Os cadáveres foram localizados em 18 de setembro, após dias de buscas que envolveram drones, georadar, equipes especializadas e levantamentos geoespaciais.

Laudos confirmam tiros a curta distância

Os exames de necropsia mostram que todas as vítimas foram atingidas por tiros em regiões vitais, sendo que alguns disparos ocorreram a curta distância. Um dos corpos apresentava três tiros na cabeça; outro, nove ferimentos por projéteis de diferentes calibres.

O estado de saponificação dos corpos é compatível com o período em que estavam enterrados, reforçando que não houve transporte posterior ou manutenção em outro local.

Polícia apura conduta de agentes públicos

A Polícia Civil informou que dois agentes que atuavam em Icaraíma foram alvo de mandados de busca e apreensão após surgirem indícios de comunicação entre eles e os investigados após o crime.

Segundo o órgão, não há indícios de participação desses agentes nas execuções. A apuração busca verificar se informações internas podem ter sido repassadas para facilitar fuga ou destruir provas. Ambos serão removidos da unidade enquanto a investigação corre na Corregedoria.

Autoria ainda sob sigilo

O relatório divulgado trata exclusivamente da dinâmica do crime. A Polícia Civil afirma que informações sobre autoria seguem sob investigação e não serão divulgadas até a conclusão dos trabalhos.

Leonardo Revesso

Graduado em Direito pela Unipar, mestre em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP e especializando em Neurociência do Consumo pela ESPM. Tutor da Olívia, da Ludi e da Mila. Está no jornalismo há 27 anos (iniciou aos 15). No OBemdito escreve sobre política e consumo.

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