Graça Milanez

Pai e filhos de Umuarama transformam o dom do desenho em legado artístico

De uma infância simples e cheia de batalhas, Claudemir de Souza Bento — conhecido em Umuarama pelo apelido Coxinha e por seus desenhos — construiu uma trajetória marcada por esforço e talento.

O apelido veio dos tempos em que, ainda menino, vendia coxinha, pipoca, pão e até ovos pelas ruas da cidade. Mas, mesmo nas idas e vindas do trabalho, uma coisa nunca o abandonou: o amor pelo desenho.

Com traços firmes e olhar atento aos detalhes, o talento natural de Coxinha logo chamou atenção. O dom abriu portas, rendendo bons empregos e, mais tarde, a conquista do próprio negócio: a Kromus, empresa de estamparia.

Fundada em 1997, a Kromus é especializada em serigrafia; telas, tecidos e estampas, nas mãos da equipe do Coxinha, viram peças personalizadas ou uniformes de eventos, torneios, torcidas. “Nesses 28 anos já estampei mais de um milhão de camisetas”, orgulha-se.  

Ele conta que, no início do empreendimento, fazia tudo e tudo era artesanal. “Era um tempo em que se usava muitas telas para a impressão de um desenho – para cada cor era preciso uma tela. Hoje, o computador faz o trabalho todo”, recorda Coxinha.

Claudemir de Souza Bento, o Coxinha, diz se orgulha do talento dos filhos

Dom para o desenho repassado aos filhos

Dois, dos três filhos do Coxinha, cresceram em meio aos fotolitos e às tintas, prestando atenção principalmente nos desenhos. E o resultado não poderia ser outro: Talyson Mello, 27 anos, e Thays Mello, 28, seguem os passos do pai.

Cada um à sua maneira, mas com a mesma paixão pelos traços e pelas cores. O pai ensinou e eles, com 4 anos de idade, já faziam desenhos que chamavam a atenção pela técnica e sensibilidade.

“Em casa, o lápis e o papel eram quase parte da mobília”, diz Coxinha. Entre conversas e risadas, eles contam que costumavam trocar ideias, mostrar esboços, pedir opinião. “A gente sempre se inspirava um no outro”, acrescenta o pai, com a certeza de quem sabe que seu exemplo frutificou. Eles trabalharam juntos até 2023.

Thays, que aprendeu a desenhar com quatro anos de idade

Talento triplicado

O talento dos três conquistou espaço em Umuarama. O desenho, que começou como uma forma de expressar ideias e sonhos, foi se fortalecendo como um elo familiar e se transformando em profissão.

“O talento é um dom, mas o caráter vem das conversas, do amor que a gente coloca na criação; sempre quis que meus filhos fossem pessoas de bem, antes de qualquer sucesso”, afirma o pai.

Os filhos, por sua vez, reconhecem e agradecem por esse cuidado.
“Sou muito grato por tudo que ele nos ensinou; ele sempre acreditou no nosso potencial, e isso fez toda diferença”, diz Thalyson.

Thalyson, que herdou a escola de desenho 6B

“Ter um pai presente muda tudo; ele sempre esteve ali, ensinando, apoiando e acreditando na gente… Sou muito grata por ter crescido com esse exemplo tão forte dentro de casa”, completa Gabriela.

Para ela, o maior legado do pai foi, em resumo, a coragem de empreender: “Aprendemos com ele que a arte também pode ser um negócio, desde que feita com amor e responsabilidade”.

Leia também: Gerente de loja deixa emprego para trabalhar com customização de agendas religiosas.

Experiente professor de desenho

Talyson atualmente se destaca como professor de desenho: ele herdou do pai a 6B, uma das poucas escolas de desenho de Umuarama. E é um dos mais experientes.

“Meu pai não só ensinou a desenhar, como também a empreender… Com 13 anos já dava aula e ganhava meu dinheirinho”, relembra o jovem que diz estar muito satisfeito com o rumo que tomou.

Desde pequeno, eu via o pai desenhando e achava incrível a competência dele; ele sempre dizia pra fazer tudo com capricho, não só o desenho, mas qualquer coisa na vida… Acho que foi isso que ficou em mim”, reconhece o filho.

Ele explica que o nome da escola vem do lápis de grafite 6B, um dos preferidos dos desenhistas por proporcionar traços fortes e expressivos. “O nome simboliza a essência da escola: liberdade, expressão e amor pelo desenho”, exclama.

Traquejo no marketing

Thays também começou sua carreira como professora de desenho [aos 10 anos], mas atualmente segue outro caminho: ela é proprietária de uma agência de marketing, a Havilá [diversificando sua atuação profissional, o pai também está com um pé neste ramo de atividade].

“Mudei um pouco o trajeto, mas o que aprendi em termos de empreendedorismo com meu pai me fortalece profissionalmente”, salienta Thays.  

“Aprendi com ele que o desenho é mais do que traço bonito, é sentimento, e que o trabalho da gente só tem valor quando é feito com amor e responsabilidade. Isso eu levo pra tudo que faço”, garante, deixando transparecer a saudade do tempo da escolinha.

“A escolinha começou de forma despretensiosa, quando ainda adolescentes, passamos a ensinar as crianças, a dividir o que sabíamos… O sucesso foi tanto que o projeto cresceu e se profissionalizou e, assim, colaboramos para revelar muitos talentos”, atesta a jovem, que vem se notabilizando no marketing digital.

Siga o trio no Instagram – Claudemir (aqui), Thalyson (aqui) e Thays (aqui).

Graça Milanez

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