Delegacia da Mulher investiga professor acusado de assediar pelo menos 4 alunas em Umuarama

A umuaramense Andressa Pereira Lúcio, de 32 anos, mãe de uma adolescente de 14 anos que estuda na Escola Estadual Hilda Trautwein Kamal, procurou OBemdito nesta quinta-feira (29) para relatar um suposto caso de assédio praticado por um professor de ensino religioso da instituição contra sua filha.

Segundo Andressa, ela tomou conhecimento da situação na terça (27), quando a jovem inicialmente confidenciou o ocorrido à sua cunhada. Esta, ao saber que o professor havia trancado a porta da sala e tocado as partes íntimas da adolescente, imediatamente comunicou a mãe da garota. A adolescente também fez uma denúncia para a direção da escola.

Durante sua conversa com a instituição de ensino e outras pessoas, Andressa descobriu que mais três mães já haviam registrado atas denunciando o mesmo professor. Na quarta-feira (28), Andressa ligou para o diretor da escola e questionou por que, mesmo com essas atas, o professor ainda estava lecionando.

“Eles me disseram que a situação já havia sido encaminhada ao Núcleo Regional de Educação de Umuarama e pediram para eu ir até a escola para conversarmos. Eu disse que iria, mas com a polícia, pois não era o caso de fazer uma ata; quem deveria ter chamado a polícia era o diretor e não eu”, relatou a mulher.

Ainda de acordo com Andressa, na quarta o professor foi retirado do colégio sem que os pais fossem informados. Quando a polícia chegou, encontrou ela, mais duas mães e um pai, cujas filhas também relataram assédio pelo mesmo docente.

“Conversamos com os policiais e eles explicaram ao diretor que poderiam ser acionados nesses casos. O diretor afirmou que registrou a ata, mas que eu poderia ir até a delegacia para formalizar a denúncia. Um dos policiais então ressaltou que a escola deveria ter comunicado a polícia”, disse a denunciante.

Desta forma, na quarta-feira, Andressa saiu da escola e foi diretamente à delegacia da Polícia Civil (PC) de Umuarama para registrar um Boletim de Ocorrência (BO). OBemdito entrou em contato com a PC, que confirmou em nota o registro do BO com denúncias de alunas contra o professor. Em função da idade das vítimas e da natureza das infrações, o caso foi encaminhado para a Delegacia da Mulher da cidade.

Além de sua filha, Andressa relatou ter ouvido de outras meninas que também foram vítimas de abusos, mas que não denunciaram os casos por medo ou falta de apoio. “Uma menina me contou na hora que tudo estava acontecendo e chamou a mãe. Outras apareceram chorando, dizendo que tinham medo dele. E isso sem contar os casos dos quais nem ficamos sabendo”, desabafou.

A Delegada Fernanda Bertoco, da Delegacia da Mulher local, informou que o caso envolvendo menores chegou à sua unidade nesta quinta-feira e, por se tratar de um tema sensível, tramitará em sigilo. Segundo a delegada, já houve denúncias de quatro vítimas, com idades entre 11 e 14 anos, e um inquérito policial foi instaurado para investigar o caso.

“A Polícia Civil ouvirá as testemunhas e oficiará a instituição de ensino para que forneça mais informações. Como as vítimas são menores de idade, a Polícia Civil representará pelo depoimento especial, para que elas sejam ouvidas por profissionais especializados na oitiva de crianças e adolescentes”, explicou Fernanda.

OBemdito também entrou em contato com o Núcleo Regional de Educação (NRE) de Umuarama, que emitiu uma nota oficial. Confira abaixo:

“Na última sexta-feira (23), uma aluna de onze anos do Colégio Estadual Professora Hilda Trautwein Kamal, de Umuarama, procurou a direção da escola relatando ter sofrido assédio sexual por parte de um professor. A mãe da estudante, ao ser contatada, compareceu ao colégio onde foi convocada reunião na qual ambas (mãe e filha) foram ouvidas. A direção da escola lavrou ata com a descrição dos relatos e procedeu com o acolhimento da vítima, orientando à responsável lavratura também de Boletim de Ocorrêcia policial. A ata elaborada pela direção foi encaminhada à ouvidoria do Núcleo Regional de Educação de Umuarama, conforme protocolo, para análise e cumprimento das medidas trabalhistas e legais cabíveis.

Dada a publicidade do relato da estudante diante da comunidade escolar, relatos semelhantes de outras alunas da instituição seguiram contra o mesmo professor, procedendo a direção da escola com o devido registro protocolar das queixas por assédio sexual. Segundo a direção, também foi realizada lavratura de Boletim de Ocorrência por parte de familiares de uma das estudantes, junto ao Batalhão de Patrulha Escolar Comunitário (Bpec), para a condução policial da investigação.

O professor acusado está afastado das aulas a partir desta quinta-feira (29), conforme recomendação do corpo diretor da escola, que aguarda as próximas orientações. Os documentos encaminhados ao NRE serão devidamente anexados e encaminhados à Secretaria de Estado da Educação do Paraná (Seed-PR), que procederá com as medidas administrativas necessárias à manutenção da segurança dos estudantes do Colégio Estadual Professora Hilda Trautwein Kamal.”

Confira a íntegra da nota da Polícia Civil

“Diante de algumas solicitações de informações oriundas de veículos de comunicação, informo que na data de 28 de agosto de 2024, a Polícia Civil registrou um boletim de ocorrência noticiando supostos abusos cometidos por um professor contra algumas alunas em um colégio estadual situado na cidade de Umuarama. Por fim, esclareço que, em razão da idade das vítimas, bem como diante da natureza das infrações, o boletim de ocorrência será encaminhado para a Delegacia da Mulher de Umuarama para as providências cabíveis.”

Denúncias

Outras pessoas que passaram por situação semelhante, seja com o mesmo denunciado ou com outros, podem procurar a Delegacia da Mulher de Umuarama. A unidade está localizada na Rua Japurá, 3358, o telefone para contato é o (44) 3639-6557.

Além disso, para realizar denúncias de violências contra crianças e adolescentes a população pode ligar para o disque denúncia da Polícia Militar do Paraná 181 ou para o Disque 100, telefone do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, que encaminha o caso para o conselho tutelar mais próximo.

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