Umuarama

Colônia japonesa: Com menos de dois anos Umuarama já tinha seu primeiro clube social

Um lugar para parentes e amigos se encontrarem, para descontrair, conversar na língua pátria, para manter vivas as tradições culturais. Com esse propósito foi criado, em 1957, a Areu – Associação Recreativa e Esportiva de Umuarama. A cidade mal dava os primeiros passos e os japoneses e seus descendentes já tinham o seu clube social, com sede onde hoje está o Colégio Estadual Professor Paulo Tomazinho.

Naquele tempo eram aproximadamente 600 famílias estabelecidas em Umuarama e municípios vizinhos. Como o povo nipônico sempre valorizou a união, a harmonia e o cooperativismo, criar um clube para esses pioneiros compartilhar alegrias foi, digamos, uma providência obrigatória.

Anos depois, com o crescimento rápido da cidade, o clube mudou-se para um local bem mais amplo – nove hectares, em endereço afastado do centro da cidade [hoje está dentro da cidade, no Jardim Universitário]. E passa a se chamar Aceu – Associação Cultural e Esportiva de Umuarama.

Com uma diversidade relevante de serviços, até hoje a Aceu carrega o propósito de manter e fortalecer os vínculos sociais da comunidade nipo-brasileira que habita a região. Atualmente, congrega 260 famílias; entre titulares e dependentes, o número passa de mil associados.  

Só de área construída são cerca de quatro mil metros quadrados. O destaque fica para o salão de festas, com 700m2 e capacidade para quase mil pessoas; cozinha, com 120m2; e quadra de beisebol, que mede aproximadamente sete mil metros quadrados.

Quadra de beisebol, que ocupa área de sete mil metros quadrados – Foto: Danilo Martins

Nós visitamos o clube. Fomos recebidos pelos diretores Roberto Nakagawa [presidente], Wilson Adashi [vice] e Milton Amamia [vice]; e pelo gerente Milton Suzuki.

Muito atenciosos, eles disseram que os associados sabem valorizar o espaço e os benefícios oferecidos pelo clube: “Nos finais de semana fica lotado, afinal há opção de lazer para todos os gostos”, garante Nakagawa.

O presidente Roberto Nakagawa com os vice-presidentes Wilson Adashi e Milton Amamia – Foto: Danilo Martins

“Acima de tudo queremos que a Aceu continue representando a comunidade japonesa, enaltecendo seus costumes, valores e tradições, e também expressando nosso aporte no desenvolvimento socioeconômico e cultural da região de Umuarama, porque é indiscutível a relevância da nossa contribuição, desde que aqui chegamos, nos idos anos de 1950”, endossa o presidente. 

O presidente, Roberto Nakagawa – Foto: Danilo Martins

Remodelação

No momento, a Aceu está com vários espaços em reforma. Um deles é o salão social, que passa por uma remodelação e adequação de normas de segurança. Fachada nova, com traços arquitetônicos no estilo tradicional japonês, já ganhou. Um portal na entrada do clube também faz parte do conjunto de melhorias.

Portal segue tipologia arquitetônica japonesa – Foto: Danilo Martins

A cozinha é outro setor contemplado: ganhou visual ‘clean’, com armários novos, todos brancos, fogões potentes e muita luz natural. “Hoje temos a maior e melhor cozinha comunitária de Umuarama”, assegura Adashi.

Amamia, Adashi, Nakagawa e o gerente Milton Suzuki, na cozinha da Aceu, que acaba de ser reformada – Foto: Danilo Martins

Segundo ele, o salão de festas quando ficar pronto vai também surpreender pela beleza os associados e os interessados em alugá-lo para festas.

Salão de festa do futebol – Foto: Danilo Martins

Para garantir a segurança dos espaços, ele conta que providenciaram a instalação de vinte câmeras de vigilância. E procurando diminuir os gastos com energia elétrica, investiram em placas fotovoltaicas: as 72 colocadas geram mais do que o clube precisa.

Nessa remodelação, também entra o paisagismo, com plantio de árvores [ipês e cerejeiras]. “Queremos deixar os pátios do clube bem aprazíveis”, comemora.

Tradições

O rol de eventos e atividades que a Aceu oferece se volta para a interação dos sócios, promoção da melhoria de qualidade de vida e preservação das tradições. O ano começa com o shinnenkai, comemoração típica do dia 1º de janeiro, e termina com o bonenkai, festa de confraternização de final de ano.

Entre outros eventos concorridos, a agenda anual prioriza também o motiyori, que é uma reunião das famílias, onde cada uma leva um prato de comida e partilha; o undokai, que é a gincana do Dia da Criança; e o odori-kai [dança], taiko [tambor] e karaokê.

Nos domínios da culinária japonesa aparece o mais famoso de todos: o ‘Yakissoba da Aceu’, promovida seis vezes por ano para arrecadar dinheiro extra para o clube com a venda de milhares de porções.

“É muito prestigiado, tanto pelos descendentes japoneses, quanto pelos simpatizantes da nossa cultura!”, pontua Amamia.

A realização conta sempre com a parceria de uma entidade filantrópica, que fica com parte do que é arrecadado. “Assim interagimos com a sociedade umuaramense de forma colaborativa”, acrescenta o vice-presidente.

Esporte

O movimento no departamento de esportes da Aceu é intenso. Além do beisebol, tem futebol suíço, gateball e softball, modalidades que revelam talentos. “No softball temos o título de campeão nacional na categoria ‘c’; disputamos em Londrina e trouxemos o troféu”, conta Adashi.

Ele diz que os times são bastante competitivos e marcam presença nos torneios intercoloniais [regionais, estaduais e nacionais]. “Mas o esporte aqui é muito mais valorizado pelas oportunidades de socialização que gera”, atenta.

Adashi e Suzuki, na quadra de beisebol: esporte é um dos mais praticados – Foto: Danilo Martins

Na Aceu, cada modalidade tem sua estrutura particular, com salão, churrasqueira, cozinha e banheiros. “Depois do jogo sempre um churrasquinho vai bem”, brinca o vice-presidente.

Falando em churrasco… O Aceu conta também com um ‘costelódromo’, um galpão coberto e projetado especialmente para assar costela bovina em fogo de chão.   

Quadra de gateball, esporte preferido das mulheres – Foto: Danilo Martins

Casa do estudante

Uma das marcas mais notáveis da cultura japonesa é o viver coletivo, o se importar com o outro. Talvez o que mais confirme isso, na Aceu, seja a Casa do Estudante, construída nos domínios do clube.

São doze quartos com banheiros, sala de recepção e de jogos, refeitório, sala de aula, auditório, além de uma biblioteca com expressiva diversidade de livros em japonês.

Casa do Estudante – Foto: Danilo Martins

Inicialmente, a Casa recebia somente estudantes nikkeis; agora aceita não nikkeis também; para conseguir vaga, todos precisam ter carta de recomendação da universidade em que estudam.

Graça Milanez

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