Umuarama

Advogando no Japão: Emigrante umuaramense exerce profissão e se dá bem na terra do sol nascente

Avós ou pais vieram, filhos voltam. Descendentes de imigrantes japoneses, o nissei ou sansei, têm muito no Japão, país que pontua entre os mais desenvolvidos e fascinantes do mundo. Pesquisas indicam que vivem lá na terra dos samurais pelo menos 500 mil nipo-brasileiros [cerca de 300 mil documentados].

A maioria que faz parte do que foi chamado de ‘fenômeno dekasségui’ vai em busca de emprego melhor remunerado e consegue, mesmo que isso signifique trabalhar no pesado, em fábricas ou em outros setores considerados ‘sujos e perigosos’.

Mas a história da nikkei Vanessa Naomi Uchimura, 39 anos, teve outro rumo. Filha de pai japonês e mãe nissei, “nascida e criada em Umuarama”, como se apresenta, mora lá desde 2015, com visto permanente, trabalhando na área em que se formou, a advocacia.

Com OBemdito, a conversa foi pelo whatsApp. A umuaramense conta que escolheu a cidade de Izumo Shi, da província de Shimane Ken, para recomeçar sua carreira. Cerca de dez mil brasileiros residem naquela localidade, número que representa mais de 5% de sua população total. 

A advogada, graduada pela Universidade Paranaense em 2010, antes da decisão de ir para ficar, atuou profissionalmente em Umuarama, no Fórum, como concursada da prefeitura, e em seu escritório. Mas o sonho era voltar para o país da terceira maior economia do mundo. E partiu, em 2011.

De início, como imaginava, não foi fácil: encarou trabalho em indústria de montagem de peças para automóveis da Toyota, ao mesmo tempo em que prestava assessoria jurídica a estrangeiros.

“Fazia as duas coisas”, diz Vanessa, que atualmente só se dedica à advocacia. “Foi uma grande conquista, um sonho realizado”, orgulha-se a nissei, que fala os idiomas inglês e japonês de nível intermediário. “Mas não passo dificuldade”, assegura, lembrando que o domínio da língua é fundamental para prosperar nesse território tão concorrido.  

Em seu escritório, instalado em casa, ela presta serviço relacionado a imposto de renda, aposentadorias que podem ser restituídas no Brasil [pelo acordo dos dois países], questões de consulado e de visto, entre outros.

“Tenho bons clientes, o suficiente para me manter atuante na área”, revela, dizendo que continua estudando e se aprimorando no que faz. “Conhecimento nunca é demais”, defende.

E quando perguntamos sobre o que a motivou para essa guinada na carreira, o que a levou para o Japão, um dos países mais fascinantes do mundo, mas também muito competitivo, ela foi objetiva na resposta. “Não acho que posso comparar Brasil e Japão; gosto dos dois. Aqui, o ruim é a distância da família, mas financeiramente é melhor”.

Foi, voltou, foi

É a segunda ida de Vanessa ao Japão. A primeira foi em 2006, quando ainda era estudante. Trancou a matrícula da faculdade e foi “para viver uma experiência de vida diferente”.

À época, foi operária em duas fábricas, até 2009, quando resolveu voltar pra Umuarama para terminar a graduação. “Foi difícil, mas nunca deixei de acreditar que iria concretizar meu sonho”, afirma.

E, pelo visto, o sonho só começou: “Gosto do Japão, terra dos meus ascendentes, de gente pacifista, que respeita às tradições; como me identifico com tudo isso, posso dizer que estou feliz e realizada”.

Graça Milanez

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